ASSUNTO MUITO SÉRIO QUE DEVE SER DIVULGADO.
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Pais com filhos alérgicos fazem campanha para pedir informação nos rótulos
Fonte: Folha de S.Paulo
Imagina você ter um filho com alergia alimentar e não saber se aquele
produto que você acaba de comprar no supermercado vai levar seu filho ao
hospital após consumi-lo. Parece exagero, mas muitos pais enfrentam uma
batalha por conta da falta de informação nos rótulos das embalagens.
Para tentar mudar essa realidade, eles têm feito uma campanha na
internet chamada ‘Põe no Rótulo’. A ideia é que seja obrigatória a
rotulagem correta dos alimentos e de produtos de higiene com informações
claras e com letras em tamanho legível.
O movimento #poenorotulo foi criado por um pequeno grupo que se
conheceu na internet. São mais de 600 famílias que trocam informações
sobre produtos ‘do bem’ e que tentam chamar a atenção sobre a
necessidade da rotulagem correta, principalmente, em alimentos
alérgenos, como leite, soja, ovo, peixe, crustáceos, amendoim, entre
outros. Para uma das idealizadoras da campanha, a advogada Maria Cecilia
Cury Chaddad, não importa se será criado um projeto de lei, uma
resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ou se a
iniciativa vai partir das próprias indústrias.
A advogada explica que o alérgico alimentar corre risco de morte
dependendo do seu grau de sensibilidade, com risco de choque anafilático
e fechamento de glote, entre outras reações graves. No Brasil, cerca de
8% das crianças e 3% dos adultos possuem alergia alimentar. “A alergia
não é entendida e aceita. Muitos acham que é frescura, exagero e que só
um ‘pouquinho não fará mal’. Mas, para um alérgico, não importa se é uma
migalha ou uma porção, o resultado pode ser catastrófico”, comenta
Maria Cecilia, que criou no final de fevereiro a página da campanha no
Facebook e que já tem mais de 13 mil curtidas. Na rede social, pais
publicam fotos dos filhos com o cartaz #poenorotulo
Ela, que é mãe de Rafael, 2, que tem alergia a leite e soja, defendeu
sua tese de doutorado sobre a presença de alérgenos em alimentos. “Há
alimentos que podem ser veneno para algumas pessoas”, diz. Ela afirma
que além de aprender a ler rótulos, os pais são obrigados a buscar
frequentemente informações com os serviços de atendimento ao consumidor e
que nem sempre passam informações corretas.
“Muitas vezes, os SACs [Serviço de Atendimento ao Consumidor]
confundem, por exemplo, lactose (açúcar do leite) com proteína do leite.
Tão grave quanto, há SACs que direcionam o consumidor a procurarem seus
próprios médicos para questionar a segurança do produto, como se eles
tivessem acesso a tais informações”, lamenta.
Se engana quem pensa que as restrições e falta de informações no rótulo
estão apenas nos alimentos. A autônoma Karina Campo, 36, descobriu que
remédios e até o lencinho umedecido usado no filho Lucca, 3, davam
alergia no menino. “Fomos em um hospital pois ele teve reação ao
antibiótico que estava tomando e, no pronto-socorro, usaram um lenço
umedecido que tinha leite em sua composição”, comenta. O menino tem
reação rápida e precisa ser medicado. “Quando ele tomou o antibiótico,
ficou roxo em casa e precisou tomar oxigênio além de tomar na veia uma
antialérgico”.
Por conta da alergia à proteína da vaca, Karina conta que a família
mudou todos os hábitos alimentares e a filha mais velha, Pietra, 7, come
bolacha recheada, por exemplo, só fora de casa. Karina optou em não
colocar ainda o menino na escola justamente por conta das restrições
alimentares e por ele ter uma reação muito rápida. Lucca é amamentado
pela mãe e, por isso, ela também tem uma alimentação restrita sem poder
consumir os produtos que dão reação no menino. Segundo os médicos, tudo é
passado pelo leite materno e as mães precisam ficar atentas com a sua
dieta.
Maria Cecilia diz que se alimentar passa a ser uma dificuldade, mesmo
com comida do nosso dia a dia. “Há uma marca de arroz, por exemplo, que
contém ovo. Como ficam os alérgicos a ovo? Muitos nem sabem disso e
acham que estão ‘seguros’ por comer em casa”, comenta.
Estudos de 2009 da Unidade de Alergia e Imunologia do Instituto da
Criança do Hospital das Clínicas mostraram que 39,5% reações alérgicas
foram relacionadas a erros na leitura de rótulos dos produtos.
Para o grupo de pais do ‘Põe no Rótulo’, os portadores de restrição
alimentar poderiam ter mais qualidade de vida se tivessem a informação
correta. A alergia alimentar, desde que feita uma dieta correta, possui
grandes chances de regredir.
A Anvisa diz que há uma discussão sobre a obrigatoriedade de se prestar
informações sobre alergênicos nos rótulos. A proposta, entretanto,
depende de consenso entre os países membros do Mercosul. O tema vai para
o quarto ano de discussão, segundo a agência. Nos EUA, por exemplo, as
indústrias são obrigadas a prestar esse tipo de informação desde 2006,
na União Européia, Austrália e Nova Zelândia, desde 2003, e no Canadá,
desde 2011. (Giovana Balogh)
Fonte: http://www.idec.org.br/em-acao/noticia-consumidor/pais-com-filhos-alergicos-fazem-campanha-para-pedir-informaco-nos-rotulos